"Posso confirmar que é cólera", disse Préval à Reuters.
Essa é a primeira epidemia de cólera no Haiti em um século, informou a Organização Mundial de Saúde. As autoridades haitianas do setor de saúde e entidades internacionais estão se empenhando para lidar com a pior crise desde o tremor que devastou o país, o mais pobre do continente.
"Agora estamos nos certificando de que as pessoas estejam plenamente informadas sobre as medidas preventivas que devem adotar para evitar a contaminação", disse Préval na capital, Porto Príncipe, depois de se reunir com autoridades governamentais do setor de saúde.
Os sanitaristas estavam aguardando os resultados finais de exames de laboratório para determinar a causa de um repentino surto de diarreia aguda nas regiões de Artibonite e Central, situadas ao norte da capital, devastada pelo terremoto de janeiro.
O governo haitiano notificou mais de 1.500 casos do surto até a noite de quinta-feira.
Os hospitais locais estão superlotados de pacientes com diarreia, e as vítimas morrem por causa de uma rápida desidratação, às vezes em questão de horas, segundo as autoridades.
Equipes médicas que ainda estão no Haiti para a operação de ajuda pós-terremoto foram enviadas à região do surto, ao redor da localidade de Saint-Marc, uma zona agrícola que recebeu muitos sobreviventes do terremoto.
Os trabalhadores do setor de saúde estão se empenhando para impedir a disseminação da doença pelos acampamentos espalhados pela capital, onde 1,5 milhão de pessoas desabrigadas pelo terremoto vivem em barracas lotadas.Cerca de 300 mil pessoas morreram no terremoto.
O cólera é uma doença aguda transmitida por meio de água e alimentos contaminados. Ela causa diarreia aquosa e uma desidratação severa, que pode matar em questão de horas se não for tratada.
O chefe do Departamento de Saúde do governo, Gabriel Thimote, disse que as vítimas são de várias idades, mas jovens e velhos aparentemente são mais afetados.
Segundo Thimote, não há por enquanto relatos de casos de diarreia em Porto Príncipe.
Especialistas dizem que até 80 por cento dos casos de cólera podem ser tratados satisfatoriamente com sais orais de re-hidratação. Água limpa e saneamento básico são cruciais para reduzir o impacto do cólera e de outras doenças transmitidas pela água.
(Reportagem de Pascal Fletcher em Miami)